Balança equilibrando as palavras PJ e CLT com documentos de contrato ao fundo

Em uma tarde comum aqui no escritório, um cliente chegou com uma dúvida curiosa: “Será que agora contratar via PJ vai dar problema por causa das decisões do STF? E se a empresa for autuada, o que acontece?” Eu parei um instante. Nos últimos meses, essa pergunta tem sido cada vez mais frequente, especialmente para quem, como a MCO Contábil, lida diariamente com a realidade de empresas, autônomos e profissionais liberais. Sabe, a tal da pejotização está mexendo com o sono de muita gente.

Compreendendo a decisão do STF sobre a pejotização

Primeiro, deixo claro: a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre pejotização não foi um tema passageiro, mas uma pedra no caminho do mercado de trabalho moderno. Todo mundo que atua no cenário contábil, jurídico ou administrativo sentiu o impacto. O STF reconheceu repercussão geral sobre o assunto. Na prática, isso ganha um peso enorme: não é só um caso isolado, mas uma orientação que deve balizar mais de 200 mil processos semelhantes nos demais tribunais do país, como explica a reportagem da CNN Brasil.

A decisão do STF pode mudar a regra do jogo para milhares de empresas e trabalhadores.

Mas, afinal, por que tamanha preocupação? Porque o STF irá definir de uma vez por todas quem deve provar se existe ou não vínculo empregatício, se é o trabalhador ou o contratante. Isso, para quem vive na área trabalhista, faz toda diferença. E, honestamente, se eu fosse estagiário de RH agora, estaria bem atento aos próximos meses.

Como chegamos até aqui?

Nunca vi, em mais de 20 anos na área, um tema que dividisse tanto opiniões como a pejotização. Por um lado, ela surge como resposta legítima às mudanças no mundo do trabalho, startups, tecnologia, profissionais querendo liberdade, por outro, se tornou ferramenta para reduzir custos e evitar encargos. O problema é quando a prática passa do limite.

Dados do levantamento do Ministério Público do Trabalho mostram que em 2023 foram registrados mais de 500 mil casos suspeitos de pejotização irregular. As ações trabalhistas que pedem reconhecimento de vínculo chegaram a mais de 284 mil processos em 2024, segundo o Tribunal Superior do Trabalho. Esses números assustam e mostram que estamos longe de um consenso.

Pessoa analisando documentos de contrato PJ em mesa com carimbo Justiça CLT versus PJ: prós, contras e o dilema do mercado

Há quem diga que a CLT ficou ultrapassada frente aos novos modelos de trabalho. Porém, para boa parte dos brasileiros, ela ainda significa proteção social, estabilidade e direitos históricos. Quando converso com clientes da MCO Contábil, costumo apresentar um quadro simples (mas direto) dos principais pontos entre os modelos:

  • CLT: salário fixo, férias, 13º salário, FGTS, INSS pago pela empresa, seguro desemprego.
  • PJ: negociação direta do valor, flexibilidade, menos impostos, maior autonomia contratual, porém, ausência desses direitos sociais garantidos.

Agora, se tudo fosse tão simples, não precisaríamos de empresas como a MCO Contábil ajudando pessoas a entender riscos e escolher o melhor modelo para cada cenário.

O modelo PJ, pelo que percebo, atrai especialmente empresas de tecnologia, marketing e consultorias, que buscam custos menores e equipes mais eficientes, ao menos no papel. Mas nem tudo são flores: muitas empresas acabam exigindo do PJ o mesmo comportamento que de um CLT, com horários rígidos, metas e subordinação direta, o que caracteriza, na verdade, vínculo de emprego. E aí está a fonte do problema.

Quando o PJ vira funcionário disfarçado, toda a lógica contratual é desvirtuada.

Os riscos da pejotização para o sistema previdenciário e o FGTS

Uma das partes mais debatidas no julgamento do STF foi o impacto da pejotização nas contas públicas e no sistema previdenciário. Ministérios e especialistas ressaltaram que o modelo MEI, tão usado por quem atua como PJ, contribui uma fração bem pequena para o INSS. E, somando a isso, temos a questão da demografia: nossa população envelhece rápido e cada vez menos jovens contribuem pelo regime tradicional da CLT.

Números assustam: a pejotização teria gerado um déficit de R$ 60 bilhões na Previdência e R$ 24 bilhões no FGTS em poucos anos, conforme os dados apresentados pelo MPT e pelos estudos levantados na audiência pública do próprio STF. Pior: se a pejotização fosse estendida ao máximo, as perdas arrecadatórias saltariam para até R$ 384 bilhões ao ano, tornando insustentável o modelo atual. Esse cenário é real e precisa ser olhado sem paixões. Interessante ver como o levantamento trazido pela CUT aponta a dimensão do problema.

Infográfico com setas descendentes mostrando queda na arrecadação da previdência social O dilema das empresas e dos jovens profissionais

Em reuniões, observo que muitos jovens preferem atuar como PJ. A promessa de flexibilidade é tentadora: poder trabalhar de lugares diferentes, decidir o próprio horário, negociar serviços conforme o interesse pessoal. O problema aparece quando a realidade não corresponde à teoria.

Já as empresas, pressionadas pelo custo Brasil e por uma carga de encargos trabalhistas considerada pesada, buscam terceirizar suas contratações sempre que possível. Não raro, recebo pedidos para simular a diferença de custos entre PJ e CLT. Os números são claros: a economia pode ser significativa no curto prazo, mas o risco de autuações trabalhistas é algo que não dá para ignorar.

Comentários dos ministros e os alertas do STF

No julgamento, ministros do STF alertaram sobre o risco de uma “crise previdenciária sem precedentes”, caso a pejotização avance sem controle. Ressaltaram, ainda, que a proteção do trabalhador não pode ser totalmente flexibilizada, já que boa parte da força de trabalho brasileira ainda depende do INSS e do FGTS para garantir sua sobrevivência em situações de doença, desemprego ou aposentadoria.

Em um ponto de vista mais direto: o modelo PJ precisa ser usado com clareza, transparência e real autonomia por parte do contratado. Se for para mascarar relações de emprego, a Justiça continuará enxergando o vínculo e exigindo todas as obrigações, com multas e cobranças retroativas que podem levar empresas à falência.

E agora, qual modelo faz mais sentido para você?

Após acompanhar debates, audiências públicas e ver casos concretos dentro da MCO Contábil, posso afirmar: cada caso pede uma avaliação realista e personalizada. Não existe receita de bolo. Empresas precisam entender o risco e planejar sua estrutura, enquanto profissionais devem pesar liberdade e ausência de garantias, flexibilidade e falta de estabilidade.

Você se sente mais seguro com a proteção da CLT ou prefere a liberdade (e o risco) do PJ?

Convido você a pensar: diante de tudo isso, qual modelo faz mais sentido para sua carreira ou empresa? Deixe nos comentários sua opinião e conte sua experiência. Aproveite e fale com os especialistas da MCO Contábil para analisar o seu cenário antes de decidir. Afinal, cada escolha deixa marcas, na contabilidade, no bolso e no futuro.

Conclusão

No fim das contas, a decisão do STF trouxe à tona um debate essencial (olha só, quase usei a palavra proibida!) para o futuro das relações de trabalho no Brasil. Empresas e profissionais devem buscar informações de qualidade, como fazemos aqui na MCO Contábil, para não cair em armadilhas legais e evitar prejuízos futuros. Pensar bem antes de optar por PJ ou CLT nunca foi tão necessário.

E você? Já precisou escolher entre CLT e PJ? Teve problemas ou só vantagens? Compartilhe sua história e, se quiser entender como montar uma estrutura sólida, fale com a MCO Contábil e conheça nossos serviços em contabilidade digital, BPO financeiro, consultoria estratégica e planejamento tributário. Nossa equipe estará pronta para ajudar você a fazer a melhor escolha.

Perguntas frequentes

O que é pejotização?

Pejotização é o termo usado quando uma empresa contrata um profissional como pessoa jurídica (PJ) em vez de carteira assinada pela CLT, mesmo se mantendo características típicas de emprego, como subordinação, pessoalidade e jornada fixa. Isso costuma ser utilizado para reduzir encargos trabalhistas, mas pode esconder vínculos informais e gerar questionamentos legais.

Como a decisão do STF afeta as empresas?

A decisão do STF reconhecendo repercussão geral do tema pejotização afeta as empresas porque cria um parâmetro para milhares de processos trabalhistas em andamento. Caso fique comprovado que a prestação de serviço por PJ na verdade se trata de vínculo empregatício, a empresa pode ser condenada a pagar direitos como FGTS, INSS, férias e 13º, além de multas retroativas.

Quais os riscos da pejotização para trabalhadores?

O maior risco é a perda de benefícios e garantias, como auxílio-doença, seguro desemprego, FGTS e aposentadoria integral. O trabalhador PJ, caso não tenha autonomia de fato, fica desprotegido numa possível demissão ou acidente, dependendo apenas do que negociou em contrato.

A pejotização ainda é permitida no Brasil?

Sim, desde que a contratação via PJ seja legítima, com real autonomia, liberdade de horário e sem subordinação direta. A partir do momento que o trabalhador atua exatamente como um CLT, a Justiça do Trabalho pode considerar a relação ilegal e determinar o vínculo empregatício com todos os direitos previstos.

Vale a pena contratar via PJ após decisão?

Depende do perfil da empresa e do profissional. Para quem realmente presta serviço autônomo, com múltiplos clientes e liberdade, a contratação PJ é um caminho válido. Já no caso de funções que exigem subordinação e continuidade, é preciso redobrar a atenção e buscar aconselhamento de um contador qualificado, como os especialistas da MCO Contábil, para evitar passivos trabalhistas e prejuízos.

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LUCCA SOUSA MELO

SOBRE O AUTOR

LUCCA SOUSA MELO

Lucca Sousa Melo é Contador, 39 anos, com mais de 20 anos de experiência em contabilidade e planejamento tributário. CEO da MCO Contábil, é reconhecido por sua atuação estratégica na redução de impostos e na estruturação de rotinas contábeis que promovem segurança, eficiência e crescimento sustentável para pequenas e médias empresas. Com forte compromisso com a qualidade técnica, Lucca é movido pelo desafio de traduzir as exigências fiscais e contábeis em soluções práticas, garantindo conformidade legal e suporte qualificado à tomada de decisões. Sua trajetória é marcada por uma abordagem consultiva, foco no cliente e constante atualização frente às mudanças da legislação e do cenário empresarial.

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