Quem é empresário, investidor ou simplesmente acompanha as notícias do país já percebeu que 2024 está sendo um ano diferente. Nos últimos meses, várias propostas de mudanças tributárias no Brasil ocuparam os noticiários e alimentaram discussões acaloradas entre especialistas e profissionais do ramo, como os da MCO Contábil. Hoje, quero compartilhar o que observei e explicar, em detalhes, o que essas mudanças podem significar para o seu dia a dia e para os negócios.
O aumento da faixa de isenção do imposto de renda: benefício ou correção?
Talvez a alteração mais comentada seja o novo valor de isenção do imposto de renda. A faixa subiu de R$ 2.112 para R$ 5.000 mensais. Em um primeiro olhar, me pareceu um avanço para o trabalhador brasileiro, já que mais pessoas deixariam de pagar esse imposto. Mas, refletindo melhor, percebi o que muitos especialistas destacaram: essa nova faixa de isenção, na verdade, é apenas uma correção que busca resgatar o poder de compra perdido ao longo de 30 anos de inflação. Ou seja, não representa aumento de renda, mas sim um ajuste tardio para tentar recuperar o que foi corroído pelo tempo.
Segundo dados do Ministério da Fazenda, essa alteração dialoga diretamente com a proposta de justiça social, buscando aliviar a carga para quem ganha menos.

Uma nova alíquota para rendas altas
Em meio ao debate de justiça tributária, a introdução de uma nova alíquota de imposto de renda para altas rendas, prevista para janeiro de 2026, chamou minha atenção. O percentual varia conforme a faixa de renda anual:
- 0% até R$ 600.000
- 7,5% até R$ 800.000
- 9% até R$ 1.000.000
- 10% até R$ 1.200.000
Quem recebe valores acima dessas faixas será ainda mais impactado. De acordo com pesquisas do Ministério da Fazenda, o 1% mais rico concentra 27,4% da renda nacional, mas paga apenas 20,6% em tributos, enquanto a classe média chega a pagar 42,5%. Mudanças como essa buscam corrigir essas distorções e caminhar, aos poucos, para uma tributação mais equitativa.
Clara Brenck, economista, ressalta que essas mudanças podem contribuir para reduzir desigualdades (leia mais).
Fim da alíquota regressiva na renda fixa: 17,5% para todos
Outro tema que recebi bastante questionamento na MCO Contábil diz respeito ao fim da alíquota regressiva na renda fixa. Até então, quanto mais tempo você deixava o dinheiro investido, menor a alíquota de imposto. Isso não existe mais.
A partir de agora, será uma alíquota única de 17,5% para todos os prazos. Isso simplifica o cálculo, porém, pode impactar quem costumava investir pensando no longo prazo.
Novo tratamento para LCI e LCA
Se você investia em LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) pela isenção do imposto de renda, é hora de rever a estratégia. As mudanças previstas terminam com essa isenção. Agora, há uma alíquota de 5% sobre os rendimentos dessas aplicações. Com isso, será fundamental reavaliar a escolha dos seus ativos, pois muitas pessoas buscavam esses papéis justamente pelo benefício tributário, que não existirá mais.
Alterações importantes no mercado de ações
Para quem opera em Bolsa de Valores, houve uma mudança relevante: o limite de isenção nas vendas passou de R$ 20.000 por mês para R$ 60.000 por trimestre. Ou seja, o investidor só será isento do imposto de renda se somar até R$ 60 mil em vendas a cada três meses. Isso pode simplificar processos de apuração, mas exige mais atenção ao planejamento trimestral e não mais mensal.
Regras novas para as criptomoedas
As criptomoedas, antes tratadas de forma diferente e vistas como alternativa para otimização tributária, agora entrarão de vez no radar da Receita Federal. Antes, operações de até R$ 35.000 por mês eram isentas. Com as novas regras, a isenção foi eliminada e as operações passarão a pagar 17,5%, alinhando-se aos investimentos tradicionais.
Essa decisão mexe não só com investidores individuais, mas também com empresas e startups que trabalham com criptoativos, que devem, mais do que nunca, buscar apoio especializado como o da MCO Contábil para evitar surpresas negativas.

Juros sobre capital próprio e a tributação do investidor estrangeiro
Outra mudança que acompanhei de perto é o fim da dedução dos juros sobre capital próprio (JCP) como despesa pelas empresas. Isso vai refletir no rendimento líquido do investidor, já que o incentivo para distribuição de JCP foi reduzido. Além disso, o investidor estrangeiro também terá novos percentuais de tributação: 17,5% no geral, ou 25% se estiver em paraísos fiscais.
Essas alterações pretendem igualar as condições entre investidores nacionais e estrangeiros, além de aumentar a arrecadação sobre lucros enviados para fora do país.
Mudanças na contribuição social sobre o lucro líquido dos bancos
Os bancos, tradicionalmente sujeitos a regras diferenciadas, também serão afetados. A contribuição social sobre o lucro líquido sofrerá mudanças de cálculo, o que alterará diretamente o resultado dos grandes bancos. Para o consumidor, isso pode, indiretamente, gerar impacto nas tarifas e no acesso ao crédito.
Oportunidades em meio à insegurança
Confesso que, diante de tantas alterações, minha primeira reação foi de apreensão. Mas, refletindo mais, percebo como períodos de incerteza também abrem portas. Em cenários assim, é fundamental:
- Analisar todos os investimentos existentes e futuros;
- Revisar estratégias tributárias com base em dados atualizados;
- Buscar apoio qualificado, como o da MCO Contábil, para entender impactos e identificar alternativas legais.
Mudanças trazem dúvidas, mas também criam oportunidades para quem age com informação e planejamento.
A data crítica: 11 de outubro e a entrada em vigor das novas regras
É importante mencionar que, segundo as informações mais recentes, todas essas propostas passarão pela votação da medida provisória até o dia 11 de outubro. Se aprovadas dentro desse prazo, as novas regras entrarão em vigor a partir de 2026. Ou seja, há tempo para se preparar, ajustar as rotas e, claro, adotar uma postura racional para lidar com o novo cenário.
Conclusão
Depois de analisar cada uma dessas mudanças, percebi que entender o contexto fiscal brasileiro é quase um exercício diário para quem busca prosperar no mundo dos negócios ou quer alcançar segurança financeira. Meu conselho, baseado na experiência em consultoria e na vivência dentro da MCO Contábil, é claro:
Invista em conhecimento, atualize seu planejamento e conte com profissionais preparados.
A reforma tributária pode assustar, mas com visão estratégica, as mudanças também são oportunidades de crescimento e diferenciação. Se quiser compreender de forma personalizada como as novas regras afetam você ou sua empresa, convido a conhecer de perto o trabalho da MCO Contábil. Estou à disposição para ajudar você a enfrentar qualquer desafio na gestão tributária e financeira.
Perguntas frequentes sobre mudanças tributárias
O que mudou na reforma tributária?
A principal mudança foi o ajuste da faixa de isenção do imposto de renda, a introdução de novas alíquotas para altas rendas e o fim da alíquota regressiva para renda fixa. Também houve a extinção da isenção para LCI, LCA e criptomoedas, novas regras para investidores estrangeiros e alterações no tratamento dos juros sobre capital próprio.
Como a mudança afeta meu bolso?
Se você está entre os que ganham até R$ 5.000 mensais, verá alívio fiscal. Já quem investe em renda fixa, ações, criptoativos ou recebe rendas mais altas poderá pagar mais impostos ou precisar reorganizar sua estratégia de investimentos e finanças.
Quais impostos serão unificados?
As mudanças descritas abordam atualização de alíquotas e isenções, mas não tratam explicitamente da unificação de impostos. O texto atual da reforma discute ajustes em tributos federais, como o Imposto de Renda, mas não prevê unificação total dos impostos neste momento.
Quando as novas regras entram em vigor?
Se a medida provisória for aprovada até 11 de outubro, as novas regras tributárias valerão a partir de 2026, permitindo um período de transição para adaptação de pessoas físicas e jurídicas.
Quem será mais impactado pelas mudanças?
Pessoas que possuem rendas mais altas, investidores em renda fixa, imóveis, ações e criptomoedas, além de grandes empresas e bancos, sentirão o impacto de forma mais direta. Já quem ganha até R$ 5.000/mês tende a ser beneficiado com a isenção atualizada.